por Marluce Alves
Sabe quando não sabemos o que é, mas temos a certeza que é bom? Estranho né, pois foi exatamente o que aconteceu comigo. Sempre fui uma menina muito tímida, exageradamente tímida, para se ter uma noção fiz o 6ª, 7ª e antiga 8ª séries sem dialogar e me envolver com meus colegas de turma, que eram os mesmos, com pouquíssimas trocas.
Nesta timidez toda, sempre me senti muito sozinha e sem atenção apesar de toda atenção dispensada por minha família que sei que muito me amava, mas em minha mente a rejeição tornou-se a base para um pensamento muito forte, mas que felizmente não se cumpriu. SUICIDIO!
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria a definição para SUICIDIO é: “Ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal.” , ou seja, ambivalência, duas forças! Pensamentos e emoções positivas e negativas! Só de pensar nisto lamento o número de jovens que vivem momentos conflitantes como eu vivi, e interessante que nos percebemos sem causa aparente. É um sentimento muito forte de incapacidade, de abandono e de “ser deixado de lado”, pensamento que hoje sendo mais consciente percebo que não condiz somente ao campo mental, mas também ao campo espiritual.
Aos 15 anos comecei a ter pensamento de “ninguém liga pra você”, “ninguém te dá atenção”, “eles estão falando de você”, “ eles riem de você”, “ você não é nada, não vai conseguir nada” e finalmente, “então pra que viver?”, e ao mesmo tempo vinham pensamentos do tipo, “pegue uma faca e enfie em sua barriga, ai sim, eles te darão atenção. Ai sim, eles olharão pra você!”.
Esta loucura de ambivalência, “termo proposto pelo psicanalista Eugen Bleuler (Vortrag über Ambivalenz, 1910) e foi depois redefinido por Freud.” Me invadia constantemente e sempre intensamente no horário da noite, ao ir deitar. Entrava em meu quarto e ai começava o tormento de pensamento, um sentimento tão forte que me fazia levantar e ficar na porta do quarto, o qual era próximo a cozinha e “a voz” ao meu ouvido dizendo: vai pega a faca que está lá no escorredor de louças e enfia devagar em sua barriga, você não vai morrer, mas vai chamar a atenção deles. Eles olharão para você!” .
Loucura né? Mas saiba que não é fácil superar essa valência (latim= força), mas dou graças ao Meu DEUS que em sua infinita misericórdia e bondade sempre esteve ao meu lado e SUA FORÇA, foi muuuuito maior. Ao mesmo tempo que essa voz horrível (mental + espiritual) se manifestava, eu conseguia discernir e ouvir uma outra voz, SUAVE e DELICADA que dizia: “Marluci, volte para a cama”, eu voltava e me deitava em posição fetal e ali chorava e sentia como se alguém me acalentasse. Que experiência! Deus sempre fiel! Ele tem um propósito para todas as coisas.
Não sei bem explicar como venci tudo isso, só posso dizer que hoje sou uma mulher curada e pronta para ajudar outros que também vivem essa situação. Eu venci dando ouvidos àquela outra voz que sempre falava muito calmamente, volta e deita. Até hoje eu ouço essa voz, ela me acalma, quando estou em situações difíceis, sempre ouço essa voz. Eu não tenho como explicar, é algo assim… É a voz do Senhor, essa voz consegue me paralisar e é quando eu consigo caminhar. Até hoje é assim. Quando estou muito angustiada eu ouço “calma, para” e nesse momento eu vou me acalmando, me aconchego no colo do Senhor e fico ali até estar pronta para recomeçar. Todas as vezes que fico angustiada, vou pro colo do meu Pai. Mas de uma coisa eu sei, todos nós ouvimos essa voz. Ela está lá para todos, só precisamos parar, respirar e ir para o colo, e lá, ouviremos e saberemos o caminho certo a seguir.
Hoje estou muito bem, mas sempre vigilante, pois uma coisa que aprendi foi que a voz de Deus é suave, doce, meiga e acalentadora! Eu venci e sei que você que passa por isso, também pode vencer! Atualmente, faço parte do ministério de intercessão e aprendi a guerrear por mim e por outras vidas.
Busque ajuda:
- Centro de Valorização da Vida (CVV) ligue grátis para o número 188, que oferece apoio emocional e de prevenção do suicídio. O serviço opera 24 horas e também está disponível por e-mail e chat.
- Sociedade amigos da vida,
- Fixo NET (19) 3231-4111;
- Claro (19) 97145-4111
- Oi (19) 97146-4111
- Tim (19) 97147-4111
- Vivo (19) 97149-4111
Marluci Oliveira Alves, mãe de 1 rapaz de 20 anos, 1 jovem de 18 e 1 adolescente de 15 anos, casada, Pedagoga, Psicanalista, Professora e Serva do Deus Poderoso.
Amiga linda. Forte e guerreira. Deus e sempre contigo.