Desde criança, ela sonhava em ser missionária no continente africano, mas as dificuldades do dia a dia fizeram com que o sonho fosse esquecido. O que ela não sabia é que o sonho dela era também o sonho de Deus!
por Valeska Petrelli
Nasci em um lar cristão, filha mais velha de 3 irmãs. Entreguei-me ao Senhor com oito anos de idade, e nesta mesma época comecei a sonhar em ser missionária na África. Poucos acreditavam neste sonho, mas me lembro de que minha mãe orava comigo neste sentido. E nos congressos missionários, desde criança, lá estava eu indo à frente quando o assunto era chamado missionário.
Nunca recebi um chamado específico, nem sobrenatural. O que Deus havia colocado em meu coração era um grande amor pela obra missionária e o entendimento de que havia grandes necessidades em diferentes campos.
Aos 12 anos, minha mãe com 33 anos faleceu repentinamente. Foi para uma cirurgia para retirada de pedras nos rins e nunca mais voltou. Meu pai ficou desnorteado, e por mais que ele tentasse, não conseguia dar a atenção que necessitávamos como filhas. A partir de então, parecíamos sentir não só a perda da mãe, mas também a falta do pai que por sua vez também estava em luto.
Após um ano da perda de minha mãe, minha avó materna recebeu o diagnóstico de câncer. E com 13 anos de idade me sentia na responsabilidade de ajudar a cuidar de minha avó em sofrimento, enquanto tentava compreender as razões pela quais iriamos logo também perdê-la. Depois de alguns meses, ela veio a falecer.
Fui ensinada nos caminhos do Senhor, com o exemplo dos pais cristãos (mesmo em meio as suas imperfeições), fruto de cultos domésticos, escola Bíblica e vida com Deus. Talvez por isso, por mais que por muitas vezes eu estivesse irada com Deus por consequência de tantas perdas, eu jamais conseguia fugir Dele. E por mais que eu tentasse, sentia não poder arrancá-Lo de dentro de mim.
Minhas lutas com Deus haviam apenas começado; meu pai decidiu se casar! Sua futura esposa era uma pessoa jovem, recém convertida, com pouca maturidade, e que enfrentava seus próprios problemas emocionais. Esta pessoa não nos adotou como filhas, e pelo contrário, competia e demandava atenção exclusiva do meu pai. Meu pai teve muitas responsabilidades neste processo. E nossa casa parecia ter se tornado um pedacinho do “inferno”. E assim se sucederam anos de lágrimas e sofrimento.
Neste período Deus usou uma psicóloga cristã para me apoiar, o que me ajudou muito no enfrentamento daqueles anos difíceis. Com o tempo, Deus foi trabalhando em meu coração. Através do apoio terapêutico, brigas com Deus, súplicas, orações e muita busca na presença do Espírito Santo… Deus foi me curando a cada dia, até que chegasse o momento certo para conversar com o meu pai a respeito de tudo o que passamos e também nos perdoar. E Deus restaurou o meu relacionamento com o meu pai.
Resolvi estudar psicologia, passei no vestibular e fui uma aluna referência. Estava me sucedendo e amando a área, e cada vez mais me esquecendo do sonho missionário. Até que conheci meu esposo por meio de eventos cristãos no período de juventude, quando nos tornamos amigos. Quando ele me propôs em namoro, ele trouxe uma condição dizendo: – Quero que saiba que eu tenho um sonho de ser pastor/missionário, me dedicar à obra de Deus. E se nos casarmos, quero esclarecer que ainda não sei para onde o Senhor nos enviará. Preciso de alguém que também esteja disposta a obedecer, se não for assim, precisaremos repensar um relacionamento de namoro.
Eu havia me esquecido dos sonhos de criança! E aquela fala que priorizava o chamado de Deus impactou o meu coração, e me fez pensar que aquele rapaz poderia ser o homem de Deus para mim. E depois de alguns dias em oração, iniciamos o namoro, certos de que no futuro Deus nos enviaria para um campo transcultural.
Terminei o curso de psicologia, Rodrigo terminou teologia e depois outros cursos também. Fomos orientados por nossa liderança a participar de algumas etapas antes do envio ao campo transcultural. Nos casamos, Rodrigo foi ordenado como pastor e assumimos o trabalho de plantação e pastoreio de uma igreja na periferia de nossa cidade, onde trabalhamos por alguns anos. Neste período, paralelamente, também me dedicava a minha profissão como psicóloga.
No ano de 2009 entendemos que era o tempo de prosseguir para África. E com o apoio de nossa liderança e igreja, no ano de 2010 fomos enviados para África. João Pedro, o nosso primeiro filho estava com 2 anos, e Asafe com 5 meses. Deixei meu trabalho como psicóloga, deixamos nossa igreja que crescia e frutificava, nossos familiares, nossa casa, todos os nossos pertences, e o mais difícil, termos que renunciar ao fato de ver nossos filhos crescerem próximo aos familiares. Mas a paz de Deus que enchia os nossos corações, nos ajudava na caminhada em direção ao chamado de Deus para nossa família.
Depois de um período de capacitação e língua Inglesa na África do Sul, nosso primeiro campo formal na África foi em Madagascar, onde vivemos e servimos por mais de 5 anos. Em Madagascar, inicialmente nos dedicamos ao aprendizado da língua local e o estudo da cultura. O foco do nosso trabalho foi chegar às tribos não alcançadas. Ali desenvolvemos pesquisas entre tribos não alcançadas da ilha, treinamento e capacitação de líderes locais e tivemos um tempo abençoado. Por conta das dificuldades na estrutura de escola para nossos filhos, precisávamos de uma transição.
Em 2015 nos mudamos para Kampala – Uganda, onde vivemos atualmente. Este local é uma base estratégica para o deslocamento aos países onde trabalhamos. Aqui, assumimos a liderança do ministério de apoio, cuidado e treinamento de nossas equipes missionárias entre povos não alcançados da região centro-leste da África (Chade, Congo, República Central Africana, Sul do Sudão, Ruanda e Uganda). Também nos dedicamos ao treinamento de pastores em campo de refugiados.
Em todos estes anos tenho provado da fidelidade de Deus em minha vida pessoal e como família! Temos muitas histórias pra contar, aprendizado, lutas e vitórias. Nunca foi fácil, e Deus nunca nos prometeu que seria, mas sempre valeu! E os privilégios por servi-Lo são incontáveis e imensuráveis!
“Toma a sua cruz, negue-se a sim mesmo e siga-me”! – são as palavras do Mestre. E é nosso desejo sempre estarmos prontos para responder: – Eis me aqui, envia-me! Por isso, continuamos batalhando com os dons e ferramentas que Ele tem nos dado, prosseguindo no trabalho para alcançar vidas por Aquele que nos amou primeiro!
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Que Lindo testemunho… Deus abençoe vcs… E todo Instituto Aliança…. 🙏🏾🌷