O desafio de pregar na região menos evangelizada do mundo
por Oade Andrade
Já ouvimos muito a respeito da janela 10X40 e hoje, felizmente, o evangelho tem avançado apesar das perseguições em muitos países desta região do globo terrestre. Há muito a ser feito, e em especial, o maior desafio missionário se encontra na Ásia. Cerca de 75% da população mundial é dos países asiáticos e por volta dos 85% dos não cristãos no mundo, vivem lá. Isso significa que há centenas de milhões de pessoas, que nunca ouviram falar de Jesus. Nesta entrevista, o missionário Antônio Coelho, de 53 anos, conta como é viver na China. Ele, sua esposa Tatiana e sua filhinha Paloma, tem uma chama acesa em seus corações: viver o ide missionário em toda e qualquer circunstância.
Como foi a sua conversão até o momento do seu chamado missionário?
Entreguei a minha vida pra jesus aos 28 anos de idade, na igreja Assembléia de Deus na rua São Paulo em Belo Horizonte. Fiquei nessa igreja congregando por 15 anos. Um dia vi um missionário dos Estados Unidos pregando e então começou a despertar em mim o desejo de missões. Deus começou a falar comigo por meio de profetas e eu ouvi a Sua voz. Foram 15 anos de preparo e de espera até ir para o campo missionário. Evangelizava na praça Sete todos domingos a tarde. Posso te dizer que ali foi o meu campo de treinamento. Trabalhei como professor de escola dominical, equipe de visitas nas casas e tantas outras atividades. Vi coisas maravilhosas que Deus fez nesse período. No momento de ir para a China eu já estava congregando na Batista Getsêmani.
Conte-nos como foi para o casal a preparação e a viagem de partida para a China.
Por muito tempo eu sabia que iria, mas, ainda não sabia pra qual país Deus iria me enviar. Eu nunca imaginei que iria para o cinturão de resistência da janela 10X40. No dia 30 de junho de 2006 eu e minha esposa entramos na China e 14 dias depois fomos para Kunming, capital da província de Yunnan no sudoeste da China. Minha esposa tinha estudado inglês se preparando para irmos. Viajamos no trem com os chineses por 46 horas sem saber pronunciar, “ni hao”.
Como é o cotidiano e a cultura daquele povo?
Lá é tudo diferente. Mao Tsé-Tung instituiu a língua oficial, o mandarim, mas existem por volta de 600 dialetos. Falam mandarim e também falam a língua da sua tribo, da sua família. São 200 povos e etnias, mas, oficialmente o governo instituiu que seriam 56 e os registros de todas as outras etnias foram queimados. Há por exemplo, uma etnia que tem o costume de tomar somente três banhos. Um ao nascer, outro quando se casam e um após a morte. Há uma outra etnia em que uma mulher é casada com quatro maridos e ainda uma outra em que os seus mortos não são enterrados. Os corpos ficam em caixões em cima de tablados dentro das propriedades das famílias.
E o trabalho missionário? Como é realizado?
Não existem missionários na China. Existem profissionais liberais ou estudantes. Eu e minha esposa estudamos chinês por quatro anos. Nosso visto é de estudantes. Não é fácil aprender a falar a língua e também aprender a escrita. Ganhamos o primeiro chinês pra Jesus numa academia. Fizemos a proposta de ensinar pra ele português e de ele nos ensinar inglês. Falamos de Jesus num almoço em nossa casa, mas, ele não quis se converter. Ele então nos convidou para um jantar na casa dele juntamente com a sua mãe. Então, convidamos que os dois viessem nos visitar para jantar conosco em nossa casa. Neste dia o Senhor me deu um sonho e me disse que seria o dia em que ele entregaria a sua vida pra Jesus. Após o jantar, pregamos pra ele e sua mãe e ele aceitou o apelo. A partir daí, começamos o trabalho. Começamos o discipulado e ao final de seis meses, batizamos ele e a sua mãe. Um amigo dele veio ao batizado e também entregou sua vida pra Jesus. Seis meses depois, fizemos outro batismo, agora eram mais sete pessoas. Em um ano, batizamos 11 pessoas!
Não existem igrejas cristãs no país?
Há a Igreja dos Três Poderes que é reconhecida pelo governo, mas, que só pode pregar o que o governo permite. Pregam um Jesus que é amigo, alguém especial, uma mensagem bem amena. É proibido falar que no nome de Jesus enfermos são curados, expulsa-se demônios, ou que no sangue de Jesus há poder. É um Jesus “light”. O governo fez isso numa tentativa de mostrar pro ocidente que existe cristianismo lá e assim diminuir a pressão das autoridades internacionais. Quem prega o verdadeiro evangelho é a igreja “underground”, a igreja escondida a igreja perseguida. Há pastores e cristãos presos, alguns ficaram presos até por 21 anos, simplesmente por serem crentes. Teologicamente a igreja chinesa é muito frágil, conheci convertidos que estavam na igreja, mas, não tem bons fundamentos. Por exemplo, uma chinesa que se dizia convertida há oito anos e nunca tinha ouvido falar sobre jejum. Procuramos fazer um trabalho diferenciado pautado na palavra de Deus! Temos uma apostila que preparamos que agora está sendo traduzida aqui no Brasil. Vamos evangelizar os chineses em suas casas. Nós vamos discipula-los. Depois iremos trabalhar com a preparação de obreiros e depois multiplicadores de obreiros.
Já sofreu alguma perseguição?
Infelizmente, quando vim para o Brasil para o nascimento da nossa filha em 2009, a polícia pegou a nossa organização e foi uma luta pra reanimar as pessoas desestimuladas com o que havia ocorrido. A organização que estou falando é a igreja. Mas, ela não poder ser assim chamada e nem ajuntar um número maior do que 20 pessoas pra não chamar a atenção. Somos a igreja perseguida, que não tem autorização para existir. Se a polícia pega, ela bate e prende com o intuito de desanimar os que ali estão se reunindo. Graças a Deus, nossos irmãos não sofreram agressões físicas, mas, ficaram apreensivos e assustados. Cerca de 70% da população Chinesa não crê em nada. Budismo e Islanismo e várias outras crenças predominam na outra parcela da população. Eles são muito materialistas, só creem no que veem. Na verdade eles creem em riquezas e em dinheiro. Há traidores que começam a visitar a organização e depois chantageiam o missionário para não entregar o grupo à policia.
Pude ver sua intrepidez ao orar pedindo cura para pessoas enfermas. Como lidar com olhares de incredulidade num momento como este?
No meio da igreja, isso é bem possível de acontecer. O que não deve acontecer é incredulidade no altar. Entre aqueles que são ministros e obreiros. Sabe, Jesus disse que não houve muitos milagres em Cafarnaum porque a incredulidade deles era muita! Deus chama a todos nós e em cada um ele investe dons. Uns para ensinar, outros para pastorear e também há aqueles em que o Senhor deu o dom para a ministração de cura. Mas, antes de se receber esse dom há um alto preço de renúncia. Não é só tomar posse. Há um caminho, um processo. São dons “regados” por jejum, oração, leitura e estudo da palavra de Deus, frequência na igreja e prática! É preciso por em prática! Abraão ia literalmente sacrificar o Isaque. Ele não fez de conta! Isaque já estava sacrificado no coração de Abraão. Ele creu e foi. Só quando o cutelo estava no ar que o Senhor interviu. Se tenho ousadia, é porque eu creio no meu Deus! Tenho a plena consciência de que é Ele quem cura, a glória é Dele, a honra é Dele. A mim cabe o papel de orar. Essa é a minha parte. O milagre acontece instantaneamente com todos que oro? Não. Mas, o diabo não vai me fazer desistir. Nem olhares de incredulidade.
Quando será o retorno para a China?
Precisamos de recursos para pagar o material que está sendo traduzido e para retorno da nossa família. Todo nosso patrimônio já foi vendido e investido. Se me permite, gostaria de dizer que se alguém quiser colaborar conosco, precisamos muito para continuar nosso trabalho missionário. O meu compromisso é com Deus. Vivo para que Ele seja anunciado entre povos, raças, línguas e nações.
Contribua contactando o missionário:
(31)9877.2010
Banco Brasil ag: 3068-6 cc: 37751-1
Bradesco ag: 513-4 cc: 70115-7