Ainda que nós nos esqueçamos dos sonhos que o Senhor plantou em nossos corações, Ele não se esquece e pode realizá-los, mesmo em meio às maiores adversidades.
por Angélica Pina
Meu nome é Angélica Pina, tenho 35 anos, nasci e moro em Belo Horizonte/MG, sou casada e mãe de um menino lindo. Sou graduada em Comunicação Social (Publicidade e propaganda) pela PUC/MG e trabalho como escritora, redatora e revisora.
Já faz algum tempo que, em conversa com a Carolina Padrão, ela me sugeriu que eu contasse meu testemunho por aqui. Confesso que, em um primeiro momento, meu primeiro pensamento foi: não tenho nada de muito interessante para contar. O Espírito Santo me alertou que eu estava minimizando algo incrível que vivenciei, então reconheci que sim, eu tinha algo maravilhoso para testemunhar. A partir daí, a dificuldade foi encontrar a melhor forma de contar algo que pouca gente sabe que passei, pois, para fugir do vitimismo, sempre preferi guardar para mim certos momentos difíceis que enfrentei. Além disso, envolve detalhes bem pessoais, não só da minha vida, mas da minha família. Porém, o Senhor ministrou ao meu coração que tudo fazia parte do propósito dele, capítulos necessários na minha história para que ela seguisse o rumo do que Ele sonhou para mim. Enfim, criei coragem para compartilhar e espero, de coração, que meu testemunho edifique a fé de alguém.
Eu me casei em 2008 e concluí a faculdade em 2009. Abri um negócio em sociedade com meus pais e, depois de um tempo, planejei minha gravidez. Meu filho nasceu em agosto de 2011, então me afastei do trabalho para me dedicar à maternidade. Amei desde o primeiro instante essa nova fase da minha vida, apesar das típicas dificuldades que quem já teve filhos sabe bem. Nessa época, meu esposo trabalhava durante o dia e fazia faculdade à noite, então naturalmente assumi toda a rotina com a casa e o filho.
Em 2012, uma reviravolta inesperada aconteceu. Meu pai, já com 87 anos, sofreu uma queda em casa e fraturou um osso na coluna vertebral. Pela idade e outras condições clínicas, não era possível fazer uma cirurgia, então ele passou a precisar de cuidados específicos e ajuda para realizar algumas atividades, por exemplo, tomar banho, pois não conseguia se abaixar. Passado um tempo, ele teve uma pneumonia e ficou um mês inteiro internado. Minha mãe o acompanhou durante todo esse tempo no hospital. Em um desses dias em que estavam lá, ele decidiu revelar a ela um segredo que guardava há quase 30 anos: ele tinha uma filha fora do casamento que ninguém da família sabia. Logo em seguida meu pai teve alta hospitalar. Em casa, minha mãe ainda estava tentando digerir a notícia que havia recebido. Até que um dia teve uma crise de estresse e começou a sentir fortes dores de cabeça. Levada ao hospital às pressas, desmaiou quando chegou lá. O diagnóstico: um AVC. Os médicos disseram que se ela não tivesse sido socorrida a tempo, poderia ir a óbito ou ter graves sequelas. Os dias seguintes foram de muita angústia para a família, pois precisávamos aguardar e ver como seu organismo reagiria. Embora consciente, ela não se lembrava do que tinha acontecido e não reconhecia ninguém. Graças a Deus, muita gente se juntou a nós em oração e, depois de 11 dias internada, ela voltou para casa, mas ainda precisava de cuidados. Lembrando que, nessa época, eu tinha um bebê ainda pequeno e meu pai com a saúde debilitada. Foram várias sessões de fisioterapia para minha mãe se reabilitar, mas, para a glória do Senhor, ela ficou livre de todo tipo de sequela. Um verdadeiro milagre!
Passado esse sufoco, minha mãe decidiu que iria morar com minha irmã. Seguimos eu e meu marido cuidando do nosso filho e do meu pai. Pelo fato de ter parado de trabalhar e dirigir — sim, até os 87 anos meu pai fazia isso! —, sua saúde foi piorando. Primeiro veio um quadro depressivo, depois uma ferida na perna que não cicatrizava de jeito nenhum e exigiu quase um ano inteiro de curativos, remédios e cuidados. Então vieram algumas isquemias no cérebro, o que quer dizer que algumas áreas foram afetadas, por exemplo, o controle das necessidades fisiológicas e a memória. Por fim, o quadro era de uma demência senil. Sim, meu pai chegou àquela fase em que o idoso depende de cuidados tanto quanto uma criança. E eu já tinha outra criança para cuidar, meu filho.
Nesse tempo, eu praticamente não podia sair de casa. Inclusive, parei de ir à igreja, pois não podíamos deixar meu pai sozinho. A gente acredita que mesmo sem congregar consegue se manter firme na fé, mas precisamos nos lembrar que temos um inimigo espiritual em quem não há sequer um traço de amor e compaixão. O diabo joga baixo e se aproveita dos nossos momentos de fragilidade. Minha mente começou a ser bombardeada por pensamentos de derrota, do tipo: “Fiz faculdade à toa, para ficar presa dentro de casa”, “Não faço nada de útil e produtivo” ou “Estou sozinha nessa, todas as pessoas ao meu redor estão cuidando da própria vida e não se importam comigo”. E foi assim que a depressão bateu à minha porta. O sintoma seguinte foram hematomas roxos espalhados pelo meu corpo. Surgiam marcas roxas nas minhas pernas, outras nos braços, até que percebi que aquilo não era normal e que precisava de uma avaliação médica. Fiz vários exames e nenhum diagnóstico. O resultado? O médico me aconselhou a procurar um psiquiatra, pois acreditava que o problema era emocional. Eu fui e já saí da primeira consulta com uma receita de antidepressivo nas mãos.
Comecei a buscar coisas para fazer que me ajudassem a “fugir” um pouco da realidade que estava vivendo. Então retomei uma paixão antiga que estava meio “adormecida”, especialmente por causa da falta de tempo: a leitura de livros. Percebi que mergulhar numa história de ficção me fazia esquecer por um tempo dos problemas reais. Nessa época, uma amiga criou um blog literário e me convidou para escrever resenhas das minhas leituras. Mais uma distração bem-vinda. Com isso, algumas pessoas que me liam começaram a dizer que eu também deveria escrever livros. Se eu já tinha pensado nisso? Várias vezes! Desde nova eu já tinha essa vontade, mas era como um sonho distante, algo praticamente impossível de se tornar realidade. Comecei então a pesquisar sobre o mercado literário e me empolguei com a ideia. Até que um dia sentei na frente do computador e deixei a imaginação fluir.
Foi assim que uma nova reviravolta aconteceu na minha vida. Em meados de 2013 eu terminei de escrever meu primeiro livro. Em 2014 ele foi publicado por uma editora e logo em seguida eu já estava participando da minha primeira Bienal do Livro como autora, onde conheci vários escritores e aprendi muito. Depois disso, não parei mais de escrever. Atualmente tenho cinco livros publicados, participação com contos em três antologias e mais uma prestes a ser lançada onde sou a organizadora. Aquela que achava que se tornar escritora era um sonho impossível já está alçando voos mais altos, atuando como editora! Sim, porque eu sirvo um Deus para quem NADA é impossível.
De lá pra cá, o Senhor já abriu tantas portas para mim que não consigo expressar minha gratidão (e surpresa!). Sinto-me exatamente como o salmista quando disse: “Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” (Salmos 116:12). Aquela pessoa que se achava inútil e improdutiva hoje tem não uma, mas três profissões! hahaha…
O principal de toda essa história é que nada aconteceu por mérito meu. Não fossem as circunstâncias adversas, talvez eu não descobrisse meu propósito, que hoje reconheço ser alcançar corações com as palavras que escrevo. Eu já cheguei a pensar que escrever livros não era algo especial e que qualquer pessoa que quisesse poderia fazer isso. Mas hoje compreendo que essa habilidade é um dom de Deus, que distribui talentos por meio do Espírito Santo conforme a Sua vontade soberana (1 Coríntios 12:11). E o que quero é usá-lo para engrandecer e glorificar o nome do Senhor.
Finalizo destacando que depressão realmente é coisa séria. Não se trata apenas de se sentir triste por causa de situações difíceis. Trata-se de uma condição clínica que precisa de cuidado e tratamento especializado. Os livros foram um refúgio que encontrei e que auxiliaram na minha recuperação, mas durante um ano inteiro eu fiz acompanhamento com psiquiatra e uso de medicamento controlado. Paralelo a tudo isso, eu consegui me reaproximar de Deus e fortalecer minha fé, o que me fez entender que o que passei foi permitido pelo meu Senhor e Salvador e serviu como uma escola, em que aprendi muito mais sobre os planos Dele para minha vida. Agradeço a você, que me leu até aqui, e aconselho que procure ajuda caso passe por algo parecido.
Contatos: E-mail: angelicamspina@gmail.com :: Instagram:@angelicamspina
Compre os livros no site da editora: www.upbooks.com.br
Que lindo testemunho Angelica. Li um dos seus livros e apaixonei.
Que Deus continue te abençoando poderosamente.
Bjs Rosesharon.
Amém, Rose. Muito obrigada pelo carinho!
É uma alegria saber que gostou do livro!
Angélica, eu admiro muito vc minha irmã. Já te falei que quando crescer quero ser como vc. O Espírito Santo flui de dentro de vc minha linda e amada irmã em Cristo. Eu te amo muito viu!
Cida, você é sempre tão generosa para falar de mim!
Muito obrigada, minha irmã! Você é uma bênção!
Que história linda de superação!
A depressão atualmente persegue as novas vidas, quando não é com a gente é com alguém próxima. Obrigada por compartilhar um pouco da sua história.
Parabéns pelas suas conquistas, que Deus continue abençoando sua vida.
Amém, Rosi! Muito obrigada, minha querida!
Realmente tem se tornado algo muito comum, mas com a ajuda do Senhor podemos viver uma nova história.