Quando entendemos que a vontade do Senhor é soberana, ainda que haja dor, sofrimento e tristeza, é impossível não se render ao amor e ao cuidado Dele por nós.
por Dryelle Shamyra
No dia 27 de novembro de 2014, dei a luz a um menino chamado Dariel Shaymon pra honra e glória do Senhor Jesus. Um dos momentos mais felizes de minha vida já que Deus me concedeu a dádiva de ser mãe. Quando Dariel Shaymon tinha 1 ano e 3 meses viajamos para Goiânia, ele, o pai dele Daniel Sousa e eu Dryelle Shamyra. Fomos morar lá em uma casa com 4 cômodos, bem pequena, mas era um lar com muito amor, um pedacinho do céu.
Certo dia notei que meu filho se assustava com barulhos, colocava as mãos na cabeça pressionando, tapava o olho esquerdo com as mãozinhas… Uma vizinha olhando pra ele disse: “Amiga o neném é estrábico”. Como não poderia deixar de ser, eu fiquei observando dia após dias, e o estrabismo só piorava, então voltamos para São João do Soter – Maranhão, minha terra natal, pois as coisas seriam mais fáceis, exames, consultas, etc. Chegamos à nossa cidade, e no dia seguinte, levei meu filho a uma consulta com a pediatra Dra. Nagylla, fiz o pedido da TC do crânio e ela passou. Então fomos para a cidade vizinha Caxias – MA, fazer o tão esperado exame, e dia 25 de março de 2016, descobrimos através do referido exame que meu amado filho tinha Craniofarigioma, um tumor Suprasellar, na sela túrcica, um compartimento ósseo que se localiza na cabeça. Nossas vidas mudaram completamente a partir dali. Eu não vou mentir, minha fé ficou abalada. Eu pensava: ‘Que Deus é esse que permite uma doença dessas ao meu filho? Um bebê, uma criança que nunca fez mal a nninguém’? Mas então, vieram momentos em que eu percebi que sem Deus eu não era nada… Então firmei a minha fé e pedi incansavelmente pela cura do meu filho.
Mudei para Caxias – MA com meu filho, fomos morar na casa da minha mãe, tivemos que nos distanciar do Pai do neném porque, mesmo com todas as dificuldades ele tinha que trabalhar para o bem estar da família. E eu tinha que ir em busca de ajuda. Meu pai, Natanael dos Reis Pereira correu atrás de umas consultas, procurou ajuda da secretaria de Saúde de Caxias e então conseguimos uma consulta com o oncologista Dr. Glauco, que avaliou a TC do Crânio do meu Príncipe Shaymon e falou que o caso dele era grave, pois o tumor estava alojado em uma área de alto risco. O médico nos deu um laudo e um encaminhamento para o Hospital de Combate ao Câncer São Marcos em Teresina – PI. Então começou o tratamento na clínica da neurologia convênio SUS, com o neurocirurgião Dr. José Alencar. Ele avaliou a RM da sela túrcica que levamos e passou as requisições pra os exames pré-cirurgicos. Meu pequeno fez todos os exames e passou pelo oftalmologista o qual avaliou o campo visual dele e detectou que o estrabismo era por causa do tumor o qual causou perda da visão do olho esquerdo, isso destruiu meu coração, fiquei muito triste. Meu amor, meu filho tão alegre passando por tudo isso. Voltamos pra Caxias, ele pegou no sono depois de um banho bem gostoso, então ajoelhei e coloquei as mãos sobre ele! Orei, Pedi sem me cansar pela cura dele. Chorei! As vezes que não clamei, somente chorei, sabia que Deus entendia cada lágrima que caia dos meus olhos. Então vivi com meu filho os melhores 4 meses de nossas vidas. A gente viajava de Caxias a São João do Soter para ver o papai dele, ir a igreja agradecer as orações dos irmãos, dos familiares e passar finais de semanas agradáveis com a vovó, vovô e o papai dele. Então lembro como se fosse ontem o último final de semana que passamos lá. Ele sorriu bastante, foi para os braços de todos. Sorria como nunca tinha visto. Contagiou a todos nós com tamanha felicidade.
Teria sido uma despedida? Talvez. Voltamos para Caxias na segunda-feira e fomos à consulta com endócrino na sexta-feira. Domingo à tarde recebi uma ligação do HSM para comparecer lá na segunda-feira com todos os exames. Então as 3 da manhã levantei orei, entreguei nas mãos de Deus e pedi em nome de Jesus que tudo desse certo. E às 5 da manhã fui para Teresina – PI com o meu neném, meu pai e meu irmão Davi Lima Pereira. Ao chegarmos lá fomos comunicados que nosso Dariel Shaymon iria fazer a cirurgia no mesmo dia, segunda 11 de julho de 2016.
Então voltamos para Caxias pegamos todas as nossas coisas, as roupas dele, as minhas e as da minha mamãe que me acompanhou, esteve ao meu lado. Assim, às 14:00 horas estávamos no leito antes de ir pro centro cirúrgico, ele devidamente vestido no meu colo, ele me chamava de Dielliiii não chamava de mamãe pois, ouvia a minha mãe me chamar de Dryelle, mas quando a enfermeira o levou, ele me chamou de mamãe. Chorei muito, ele chorou muito mas foi preciso. A primeira hora de cirurgia passou e eu orando e pedindo a Deus que tudo corresse bem. Minha mãe e eu em fervente oração. Passaram-se 8 horas… Então o neurocirurgião veio dar a notícia! Ele disse que a cirurgia havia sido ótima, não teve hemorragia, não teve nenhuma intercorrência e que tinha esvaziado o tumor quase todo, e que poderíamos ir à UTI pegar as regras e os horários de visitas, e que ele iria ficar sedado por 48 horas. Fomos e, enquanto estávamos aguardando no corredor, lá vinha aquele ser lindo e meigo saindo do centro cirúrgico e indo para a UTI, eu fiquei muito feliz… Tudo iria ficar bem.
No dia 12 eu fui vê-lo, mas infelizmente ele teve uma convulsão na minha frente. Foi desesperador ver meu amor daquela maneira, me doía, eu estava dilacerada… Mas eu mantive a fé. Orei muito e a situação foi se estabilizando, fiquei com ele e depois desci. Na recepção vi tantas pessoas chorando, precisando de palavras de amor que senti uma enorme vontade de falar sobre o amor de Deus, que iria dar tudo certo. Partilhei ali o melhor alimento, a palavra de Deus. Às 17 horas eu subi novamente e fiquei com ele e minha mãe, oramos, cantamos e as 17: 30 saímos e fomos pra casa da amiga da minha mãe, a Rosy que nos hospedou. Dia 13 fui pra lá e ficamos juntos, beijei ele… Cantei e orei… Dia 14 a mesma coisa e das 12hs às 16:50hs falava do amor de Deus para as pessoas na recepção. Dia 15 eu fui novamente e ao ir embora às 17:30 hs eu deixei ele no hospital porque realmente eu não poderia ficar pois ele estava entubado e sedado (eu só ficava nos horários de visita) eu disse pra ele: ‘Meu amor, amanhã mamãe volta’. Então sábado eu voltei.
Eu desci do ônibus correndo entrei no hospital e fui direto pra UTI me vesti devidamente e fui para o leito dele, olhei pra ele, o toquei, olhei para as medicações e vi que a sedação estava desligada. Que alegria eu senti! Eu pensei: ‘Nossa, meu amor vai acordar’. Então o médico veio e falou pra mim: “Mãe, o seu filho teve uma intercorrência à meia noite e então estabilizamos a situação. Foi feita uma tomografia de controle e o Dariel apresentou isquemia”. E eu leiga não entendi e pedi pra ele explicar, então ele disse que partes do cérebro dele estavam mortas. O cérebro dele estava com um edema enorme, tão inchado que o crânio não estava suportando. Foi tirada a sedação pra ver se ele reagisse após 24 horas. Eu perguntei: “Dr., quais as sequelas que isso pode causar?” Ele disse: “São tantas que não se podem contar”. Eu quase morri de tanta dor e desespero. Fiquei desnorteada! Perguntei o porquê disso tudo. Mas aí voltei a mim. Me ajoelhei naquele leito. Pedi a Deus que o curasse, pedi por um milagre. Implorei o dia todo, no domingo veio a equipe médica e pediu pra eu chamar o pai do neném, pra ele ver o filho vivo, então liguei pra ele e ele foi para o hospital. O hospital disse que liberava a entrada dele a qualquer horário, para que pudesse ver o filho. Ele chegou ao domingo mesmo às 20:30 hs. Oramos, choramos, clamamos. Fomos dormir em uma hotel pertinho, e segunda e terça-feira, pedi pela cura. Só pelo milagre. O pai dele orava comigo, orava só, a todo momento orávamos. Então, na terça à noite eu orei antes de dormir e falei: “Senhor eu não aguento mais. Eu colo em tuas mãos. Se for para o Senhor curar o meu filho, o Senhor vai curar! Mas se não for, leve ele contigo não aguento mais vê-lo daquela maneira, todo ponteado, todo cortado pra tirarem sangue dele pra exames…. Senhor Seja feita a tua vontade na vida dele. A tua Santa vontade”. Então às 05:15 hs o meu filho foi descansar nos braços do Pai. O pai dele ficou desnorteado, eu fiquei dilacerada, doeu no pai dele? Sim e muito… E me doeu? Claro que me doeu… Assim como me dói até hoje. Mas foi a vontade de Deus, o filho era Dele, filhos são presentes, são empréstimos de Deus… E quando Deus resolve chama-los devemos aceitar… Deus me deu o maior privilégio que eu já pude ter o privilégio de ser mãe, eu sempre serei a mãe dele… O amor que eu tenho pelo meu filho ainda é imenso! Agradeço a Deus porque dentre milhões de pessoa, eu ter sido a escolhida pra ser mãe daquele ser tão especial.
“A morte de um filho é um parto ao avesso! É você querer ter o sopro da vida e dar a ele novamente. Mas não temos esse dom e isso nos causa uma dor monstruosa. Se o milagre não aconteceu da forma que nós queríamos temos que ter em mente que é da vontade de Deus e que o milagre somos nós. Mas Deus é o autor da vida, Ele sabe o que faz, sabe o que é melhor para cada um de nós! Ele é Deus, Ele nos ama. Deus deu, Deus tirou Glórias a Deus por isso” . Dryelle Shamyra