“A mulher sábia edifica a sua casa, mas com as próprias mãos a tola destrói o seu lar”. (Provérbios 14:1)
por Carolina Azevedo Padrão
Meu nome é Carolina Azevedo Padrão. Nasci numa família de classe média como muitas de vocês que estão agora lendo este livro. Tive uma infância tranquila e feliz. Pelo menos foi o que sempre pensei, até entender um pouco melhor sobre as coisas de Deus. Fui criada em uma família normal, a “típica” família moderna. Pai, mãe, eu e dois irmãos mais novos. Minha mãe era uma mulher independente, sempre trabalhou fora e ainda tinha uma confecção em casa que ocupava praticamente todo seu tempo livre. Meu pai era brincalhão, sempre tinha tempo pra gente e ainda para todos os nossos amiguinhos da vizinhança inteira. Era uma festa. Minha casa vivia cheia de crianças e a gente se sentia feliz. Somente bem mais tarde, já na minha fase adulta, entendi que essa vida feliz, ainda que tenha sido muito importante para a formação de quem sou hoje, estava longe de ser uma vida perfeita.
Fui criada para ser uma mulher moderna. Na minha cabeça, uma mulher bem sucedida era exatamente como minha mãe e suas amigas. Eu achava o máximo aquela vida corrida, com muitos compromissos, agenda lotada, salto alto, roupas bonitas, pessoas elegantes… Achava tudo isso lindo e não entendia o preço que estava sendo pago para que isso acontecesse. Assim, fui criada dessa mesma forma. Fui criada para ser uma mulher moderna, independente. Nossa casa era muito grande, tínhamos muitas empregadas, babás e minha avó que sempre estava por perto. Eu fazia aulas de piano, balé, brincava de pique na rua com meus amigos, mas não tive tempo de aprender coisa que hoje vejo que eram de extrema importância. Meus pais nos criaram com grandes princípios com relação à honestidade, amor ao próximo, caridade, mas não nos ensinaram a importância de se ter a família e o lar acima de tudo. E eu só fui entender como estas coisas realmente eram importantes quando anos depois, as perdi.
Levei minha vida normalmente, saí de casa aos 17 anos, como a maioria das minhas amigas, fui fazer cursinho na capital mineira para me preparar para a faculdade. Esse era o caminho normal que todo mundo que eu conhecia trilhava. Saí de casa sem maturidade e sem conhecimento, não sabia nem fritar um ovo. Claro que senti medo, mas o que eu ia fazer? Essa era a vida da mulher moderna e eu precisava seguir meu caminho. Logo, logo passei no vestibular e aos 21 anos já estava formada em direito, o curso que eu acreditava ser o dos meu sonhos. Acontece que eu não estava preparada para a vida adulta, não sabia ser gente grande e assim, o que eu consegui fazer de melhor foi enfiar o diploma na gaveta e acabei errando muito por medo de errar.
Optei por tocar minha vida como empresária e foi através da minha empresa que anos depois conheci meu marido. Não foi paixão à primeira vista, até porque ele era só um menino e eu já era uma mulher (que ilusão). Mas aos poucos, ele foi me conquistando e em apenas oito meses nos casamos. Sinto-me extremamente constrangida e triste por dizer que nesta época eu já era convertida, já conhecia a palavra (ou pelo menos achava que conhecia) e ainda assim me casei acreditando que poderia converter meu marido, como se eu fosse o Espírito Santo na vida dele… Que ilusão.
Mesmo sem entender a palavra de Deus como entendo hoje, os primeiros anos do meu casamento, apesar de difíceis, foram maravilhosos e felizes. Eu não era uma mulher sábia, não sabia cozinhar, não sabia cuidar da minha casa e logo vieram as meninas, que é claro, eu também não sabia cuidar. Não que eu não fizesse, eu fazia, mas não era com amor. Eu não tinha prazer em fazer essas coisas. Queria ter uma família linda, mas não queria cuidar dessa família linda. Por isso, sempre dava um jeitinho de ter alguém pra me ajudar e com isso podia me dedicar à empresa, que a esta altura já era minha e do meu marido.
A palavra de Deus é clara, a mulher tola, com suas próprias mãos destrói sua casa e foi exatamente o que eu fiz, mesmo não querendo. Eu não sabia ser uma mulher sábia. Eu sabia ser uma mulher moderna, uma empresária, sabia dar ordens à minha empregada, sabia explicar a ela o que gostaria que ela fizesse com minhas filhas, sabia falar como meu marido gostava das coisas, mas não sabia fazer. Não sabia abrir mão dos meus compromissos e do meu tempo em favor da minha família. E nem é que eu não quisesse ou não os amasse, mas eu simplesmente não conseguia ver que estava errada. Eu tinha aprendido assim e para mim, este era o jeito certo. Até que um dia, o meu sonho de família feliz, bem estruturada e linda, caiu totalmente. Meu marido, em um belo dia de sol, mais exatamente nove de maio de 2013, pediu o divórcio.
Eu simplesmente não conseguia entender o que estava acontecendo. Nossa família era linda, nosso casamento era ótimo, estava tudo perfeito… Porque ele queria o divórcio? Infelizmente, o maior problema da mulher tola é que ela não consegue ver seus erros. Ela não consegue ver sua inversão de valores e de prioridades e como a palavra diz, acaba destruindo com suas próprias mãos o seu lar. Foi assim comigo.
Apesar de todos os meus esforços, no dia 06 de junho de 2013 meu marido saiu de casa e eu fui obrigada a fazer o caminho de volta. Definitivamente isso não estava nos meus planos, eu não sabia como fazer, eu não queria fazer, mas, hoje consigo ver que estes eram exatamente os planos de Deus. Não estou dizendo que o Senhor planejou meu divórcio, mas sem dúvida nenhuma o Senhor planejou meu crescimento pessoal e espiritual, meu despertar como mulher, como mãe, como dona de casa e despertou em mim o chamado que ele sempre teve pra mim, mas que eu não conseguia ver.
O caminho de volta para quem não escolhe fazê-lo é assustador. Sozinha em casa com duas filhas uma de 3 e outra de 5 anos… Essa era a sena mais medonha que eu poderia imaginar e o pior, não era mais apenas uma sena, era real. Tudo em minha vida havia mudado. Tudo que eu havia construído ou acreditava que havia construído tinha caído por terra. Meus sonhos, minha família, tudo… E foi nesse momento, onde eu não sabia mais o que fazer que o Senhor começou a me reconstruir e me ensinar que o caminho de volta era o melhor caminho que eu poderia fazer.