O mundo acha ser normal, mas a infidelidade conjugal está destruindo uma instituição planejada e abençoada por Deus: O casamento
por Renata Galdino
A publicitária R.L.G.A., de 33 anos, tinha um cargo importante na igreja há cerca de oito anos. Casada, o marido e ela estavam vivendo uma crise no relacionamento. Extremamente carente, como R. mesma diz, não pensou duas vezes ao se envolver com um colega de trabalho, também casado. O caso extraconjugal durou quase um ano, e nesse período ela se afastou de Deus, perdeu a cadeira de líder em sua congregação e viu o seu casamento ser completamente destruído.
“Eu não media as consequências do meu ato, só queria me satisfazer. Ele era carinhoso comigo, dizia o que eu queria ouvir. Eu me sentia melhor, desejada. Via meu casamento cada dia mais indo para o ralo, mas não queria mais saber, não queria lutar por ele. No fim, descobri que não valeu a pena. Mas já era tarde. Estou muito arrependida”, comenta a publicitária. Com vergonha, ela não quer ser identificada. “As pessoas perderam a confiança em mim. E o pior: sei que a culpa foi minha. Só minha. Um banquete me foi apresentado e eu, faminta, me saciei nele”.
O que a jovem R. viveu há alguns anos se tornou comum para o mundo e está presente em várias famílias, sejam cristãs evangélicas ou não: adultério (no latim, “na cama de outro ou outra). Essa é a tônica de muitas novelas e minisséries exibidas na televisão brasileira, manchetes de capas de revistas que publicam fofocas sobre famosos e temas de muitas conversas entre amigos.
No ar em uma das mais importantes emissoras de televisão, uma minissérie chama a atenção: o galã, um rapaz jovem, “canta” todas as mulheres e consegue ser o amante de pelo menos duas delas. Sim, são mulheres casadas! Em uma das cenas, algo que serve de alerta: uma personagem incentiva a amiga a trair o marido, sem saber que a colega já está com um amante – o mesmo rapaz. “Você devia experimentar para sentir como é bom”, sugere.
DESTRUIÇÃO EM MASSA
A verdade é que o adultério é uma arma usada por Satanás para destruir lares e destroçar sentimentos.
Causa depressão, amargura, rancor, ódio, além de até levar ao empobrecimento material e espiritual. Não sofre apenas o cônjuge traído, mas a situação se complica quando o casal tem filhos. Luiz Henrique de Almeida Silva, evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, complementa que o cônjuge que trai tem arruinadas a moral, a ética e as vidas social e familiar. O traidor também tem sua comunhão com Deus manchada.
“O adultério é um perigo constante na vida de qualquer pessoa, principalmente na de quem quer servir a Deus. A tentação é como uma cascavel pronta para dar o bote”, alerta. E isso não é de agora. A infidelidade conjugal remonta aos tempos bíblicos. Muitos foram os homens escolhidos por Deus e tentados nessa área. A maioria, como os reis Davi e Salomão, caiu em adultério. A coisa não mudou nos dias de hoje.
Se no mundo tudo é permitido, a Palavra de Deus traça regras de vivência que devem permear a vida dos crentes. Cabe salientar que o adultério é pecado descrito nos dez mandamentos: “Não adulterarás” (Êxodo 20:14). E também é preciso observar, como está relatado em Mateus 5:17-20, que Jesus não veio anular a lei, mas cumpri-la. Prova disso é que a Bíblia relata já no Novo Testamento, em I Coríntios 6:9-10, que os adúlteros não herdarão o reino de Deus.
Sabe-se que muitas pessoas, sejam cristãs evangélicas ou não, têm tendência a fraquejar na área sexual. Por isso, o conselho é não brincar com o inimigo. “A Bíblia não responsabiliza o diabo pela fraqueza de uma pessoa, mas Satanás dá uma mãozinha. Não adianta dar desculpa dizendo que foi o diabo. Foi o infiel que fraquejou”, observa Euclides de Olívio, pastor da Assembleia de Deus.
O líder evangélico observa que os crentes sabem que não podem adulterar. “Se traiu o cônjuge, o traidor fez isso consciente, e Deus não tem por inocente o culpado. Se alguém comete um pecado sabendo que é pecado, essa pessoa está cometendo um erro contra Deus”.
O evangelista Luiz Henrique é enfático: “a pessoa cai porque ela quer. Ela desejou, maquinou na cabeça, deixou guardado no coração e deu espaço para isso. Não é porque apenas o diabo tentou, mas porque o infiel desejou isso também”.
NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
Se para a publicitária R. não há remissão para o pecado cometido por ela, o pastor Euclides de Olívio afirma que o ideal é não ceder à tentação. “Mas Deus perdoa a partir do momento em que a transgressão é confessada”, diz. Sem arrependimento do pecado, a tendência é que se cumpra o que está escrito em I Coríntios 6:9-10, tanto para quem traiu quanto o amante. Para os que estão a ponto de se tornarem infiéis ao companheiro, visando uma noite de prazer para satisfazer seus desejos, o conselho é intensificar a busca a Deus e não perder o temor. O evangelista Luiz Henrique observa que quem teme ao Senhor tem medo de pecar contra Ele.
O aconselhador espiritual dá algumas dicas para não cair na cilada do inimigo, como evitar contato íntimo com pessoas do sexo oposto e encontros a dois, além de acabar com os famosos papos virtuais. Aos que não querem ser traídos, o melhor a se fazer é investir no relacionamento sexual com o cônjuge e ter mais respeito ao tratar o marido e a esposa.
O ato íntimo deve ser recheado de amor, interesse e dedicação ao companheiro. “Para a maioria dos casais, a relação não é feita por prazer, mas por obrigação. Assim, quem está insatisfeito acaba buscando satisfação fora do casamento”, diz Luiz Henrique. O evangelista orienta aos homens pedir a Deus para amarem as esposas cada dia mais. As mulheres devem orar ao Senhor pedindo mais desejo por seus maridos.
O saber ouvir e o saber falar também são fundamentais. Para a psicóloga Sabrina Machado, o diálogo é a base da relação e pode prevenir a infidelidade. “Às vezes há um problema e o casal prefere conversar depois, mas esse bate-papo acaba caindo no esquecimento. O acúmulo dessas conversas não tidas é um problema para os dois. É necessário falar sobre tudo, fazendo com que o laço criado no início do namoro fique mais forte a cada dia no casamento”.
Se há muito tempo o casal não se comunica saudavelmente, a especialista sugere não perder tempo e começar a dialogar com seu companheiro agora mesmo. “Inicie conversando sobre coisas amenas. A partir daí essa amizade vai sendo construída”, pondera Sabrina. E lembre-se: o matrimônio é uma aliança, não um contrato. No segundo caso, a pessoa só cumpre a sua parte se o outro também o fizer. “Na aliança, no entanto, não tem nada disso. Se o outro não cumprir o voto, o parceiro continua fiel, sem querer se vingar fazendo o mesmo”, explica Laércio Cardoso, pastor e doutor em Teologia Pastoral.