A mineira que renunciou a tudo para cumprir o ide do Senhor em terras bem distantes afirma: “vale a pena!”
por Erica Leite
Existem milhares de mulheres de Deus espalhadas pelos quatro cantos da terra. Elas impactam e fazem diferença na vida de muitas pessoas. Um desses exemplos é a mineirinha Giovana Canhoni. Nascida em Varginha, no Sul do Estado, e casada com o ex-paquito Alexandre Canhoni, o “Xande”, ela mora no Níger, na África. Por lá, o casal coordena um projeto que beneficia cerca de duas mil crianças. Confira a entrevista com essa mulher usada pelo Espírito Santo para abençoar a vida desses pequenos e suas famílias.
“Quando eu tinha 6 anos, meus pais decidiram buscar uma igreja evangélica. Aprendi muitas coisas. Mas foi na minha adolescência que tive um encontro real com Cristo, quando em meu quarto, sozinha, questionei a existência e o amor de Deus para comigo, e fui impactada pela glória do Pai. E desde então eu comecei uma busca frenética de saber como Deus queria que eu fosse, como agradar a Ele, como viver para Ele… E o rumo de minha vida mudou. Tive muitos erros e acertos até entender que não tinha como fazer isso por mim mesma. Eu precisava dar direção total da minha vida a Cristo”.
1 – QUANDO DEUS COMEÇOU A LHE DAR ENTENDIMENTO DO SEU CHAMADO?
GIOVANA CANHONI: Desde criança eu brincava de creche, de orfanato. Tinha até as fichas das crianças (as bonecas) que entravam. Sempre tive um coração de muita compaixão com os necessitados. Mas eu não conhecia a realidade missionária, não tinha informações reais e atuais. Quando tive a oportunidade de ir para o Marrocos em 2002, eu tive certeza de eu ter nascido assim: para amar, ajudar e levar o amor de Cristo a eles. Apaixonei e comecei a orar para que esse amor crescesse. E cresceu. hoje sinto-me parte, sinto que quando Deus me formou Ele sabia exatamente que era para fazer missões.
2 – COMO O XANDE ENTROU EM SUA VIDA?
GIOVANA CANHONI: Nos conhecemos quando eu era muito nova e ele esteve em minha igreja, mas não ti vemos contato. Após quatro anos ele retornou em um evento cristão em minha cidade. Eu estava em uma fase de muita busca a Deus e tinha vontade de cursar o seminário, eu queria aprender mais. Como ele era seminarista, ti vemos a oportunidade de conversar um pouco. Viramos amigos à distância, conversas por telefone sobre a Palavra. E dessa amizade tudo começou.
3 – VOCÊ TINHA IDEIA DA INFLUÊNCIA QUE O XANDE TINHA? OU O QUE ENFRENTARIA PELA FRENTE POR ELE SER UM NOVO CONVERTIDO?
GIOVANA CANHONI: Não tinha muita ideia. Ele havia se converti do há cinco anos, mas a vida que o Xande levava antes era muito diferente da minha. Tivemos inúmeros obstáculos, muitas pessoas lutando para nos atrapalhar e desencorajar. Mas permanecemos grudados na Palavra que nos dá certeza de muitas coisas. Foi nesta confiança que conseguimos vencer e crescer juntos.
4 – VOCÊ SE SENTIU COBRADA POR ESTAR NAMORANDO ALGUÉM QUE TINHA SIDO POPULAR: FOI DIFÍCIL?
GIOVANA CANHONI: Achava que não existi a isso dentro das igrejas. Mas não é que existe? Uma vez chegamos em uma igreja e a esposa do pastor disse: “Nossa, pensei que você, Xande, ex-paquito, ti vesse casado com uma loiraça, com um mulherão… Mas você se casou com uma menina do interior”. Virei e perguntei onde era o banheiro (risos). Às vezes as pessoas agiam de forma estranha no início. Mas o campo missionário mudou muito o Alexandre. hoje as pessoas nos tratam como servos do Senhor, e isso é muito bom. Com o tempo, o desapego e a entrega, o Alexandre mudou a imagem que tinha antes.
5 – COMO SURGIU O CHAMADO PARA ESSA MARAVILHOSA OBRA MISSIONÁRIA? FOI DIFÍCIL?
GIOVANA CANHONI: Viajamos para conhecer o campo missionário transcultural em 2002. Lá nos apaixonamos por tudo, pensamos no motivo de não fazermos alguma coisa de verdade por este povo… Difícil foi, é… São muitas cobranças. Muitas promessas e poucas pessoas as cumprem. é muito sofrimento sem às vezes poder fazer nada.. As pessoas vêm e vão, falta uma equipe que permaneça. Enfim, é muita coisa, mas o amor tudo supera.
6 – O QUE É MAIS DIFÍCIL: O IR DE DEUS OU O APOIO DA IGREJA?
GIOVANA CANHONI: O ir não é dificuldade, é realização. O difícil é ter que voltar para buscar ajuda. Se pudesse, eu ficaria lá. Viria de dois em dois anos só para ver a minha família e agradecer a quem nos ajuda. Porém, é difícil ter que sair todo ano para buscar ajuda. Temos quem nos ajude e esses são muitos fiéis. Mas ocorrem imprevistos, como pessoas que perdem tudo por causa da chuva ou a chegada de mais crianças subnutridas, e sempre precisamos de mais ajuda. . Não dá para parar e também não ver a necessidade sem fazer alguma coisa. Precisamos ir atrás de ajuda para fazer mais! Precisamos cumprir Atos 2:42-47. O apoio real e fiel das igrejas é a maior dificuldade.
7 – QUAIS OS MAIORES DESAFIOS HOJE DA OBRA MISSIONÁRIA?
GIOVANA CANHONI: Em se tratando de missões mundiais, no geral, faltam obreiros que amem mais o povo e se entreguem mais. No mundo islâmico é complicado você ficar dois anos em um projeto e ir embora. As pessoas começam a te conhecer, a confiar em você. Daí o missionário vai embora para outra nação. As pessoas precisam ficar mais tempo, conhecer a cultura e o povo local, a respeitá-los. Louvo a Deus pela equipe que temos. Essas pessoas têm se esforçado ao máximo para entender as diferenças, o amor tem rompido muitas barreiras e temos feito um fundamento muito bom para o Evangelho no Níger. Outro desafio é a questão das igrejas. De modo geral estão preocupadas com seu próprio reino e não investem no reino de Deus. As ofertas de missões precisam ser fiéis e de compromisso real, as orações também. Isso faz muita diferença para todos os missionários em campo. Faltam comprometimento, amor.. Dificilmente recebemos um e-mail para saber como estamos, se precisamos de algo, se estamos vivos…
8 – MUITAS PESSOAS TÊM MEDO DE ENTRAR PARA O MINISTÉRIO PORQUE ACHAM QUE TERÃO DE ABRIR MÃO POR COMPLETO DOS SEUS SONHOS PESSOAIS, COMO SE DEUS NÃO SE IMPORTASSEM COM O QUE QUEREM. VOCÊ TEVE QUE ABRIR MÃO DE SONHOS PESSOAIS? COMO VOCÊ ACHA QUE DEUS OS VÊ?
GIOVANA CANHONI: Abrir mão por completo, esta é a realidade. Costumo dizer que é “cortar a cabeça”, para que Ele (jesus) seja “o cabeça” dos planos, sonhos, verdades, de tudo. Fazer a vontade do Pai se resume a quem entra totalmente na obra missionária. Você não consegue ver alguém sofrendo e ir embora como se nada estivesse acontecendo, você precisa se importar. Hoje os meus sonhos são os sonhos de Deus. Com o tempo você não consegue mais pensar em si mesmo, e seus sonhos deixam de ser egoístas e centralizados em você para se tornarem centralizados no reino de Deus.
9 – QUAL É O SEU SONHO?
GIOVANA CANHONI: Ver meus filhos crescerem servindo ao Senhor, sendo cada vez mais parecidos com Cristo e administrando o projeto no Níger.
10 – NOS CONTE SOBRE OS NOVOS PROJETOS…
GIOVANA CANHONI: No meu coração arde o desejo de que cada um dos nossos oito projetos de nutrição virem uma creche no Níger, onde as crianças passam o dia e aprendam mais sobre como serem como jesus. Isso poder causar uma mudança real, física, social e emocional na vida delas. Atualmente temos três creches, precisaríamos abrir mais cinco para suprir todas as crianças de igual maneira. E assim futuramente poder expandir os projetos de nutrição para áreas mais remotas, locais onde não há igreja e nenhum grupo cristão.
11 – DEIXE UMA MENSAGEM PARA TODAS AS MULHERES QUE UM DIA DECIDIRAM SERVIR A CRISTO E HOJE VIVEM EM UM GRANDE CONFLITO POR CAUSA DAS GRANDES EXIGÊNCIAS DESTE MUNDO…
GIOVANA CANHONI: Amadas irmãs, renunciem tudo! Vale a pena. Do que adianta passar uma vida inteira correndo atrás de coisas que ficarão? Não são as pessoas mais importantes que coisas? Talvez seu chamado não seja deixar tudo e ir para a África, a Índia, China… Mas talvez seu chamado seja renunciar tudo – suas vontades, verdades e razões, e ajudar ao próximo onde você está. Deus lhe criou não para você mesma, mas para que pudesse fazer a diferença na vida de alguém. faça essa diferença, viva essa diferença. Tenha um propósito real em sua vida. Eu não quero viver para mim mesma, acordar daqui alguns anos e ver que não ajudei a escrever a história de alguém. Preciso me importar, preciso fazer a diferença, impactar, parecer mais com Cristo (Efésios 1:4 e Lucas 14:26-27 e 33).
Quer saber mais sobre a história deste casal abençoado? Aproveite que é fim de ano e ajude a obra de Deus no Níger. Acesse o site www.guerreirosdedeus.com.br
Giovana Canhoni e o ex-paquito Alexandre Canhoni, o “Xande”, moram no Níger, na África e por lá, coordenam um projeto que beneficia cerca de duas mil crianças. Confira a entrevista e seja abençoado!